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200px-Tomás Antônio Gonzaga
Dirceu

O poeta Tomás Antônio Gonzaga nasceu na região da cidade de Porto, em Portugal no ano de 1744, mudou para para o Brasil aos 11 anos de idade, morando em Pernambuco e Bahia, onde estudou no Colégio de Jesuítas. Voltou para Portugal onde Formou-se em leis na Universidade de Coimbra. Tornou-se bacharel em 1768. Voltou para o Brasil em 1782 e foi juiz em Beja e depois ouvidor de Vila Rica. Em Vila Rica conheceu Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão,musa inspiradora de quase toda sua obra lírica,imortalizada em Marília de Dirceu.Em 1789 Tomás aguardava somente uma licença para se casar,quando foi denunciado e preso por participar da inconfidência Mineira ,e então condenado a prisão de 3 anos na Fortaleza da Ilha da Cobras no Rio de Janeiro, em 1792 foi enviado a Moçambique para cumprir a pena de 10 anos.Lá ficou,trabalhou como procurador da Coroa e da Fazenda ,tambem trabalhou como juiz da Alfândega,casou-se com Juliana de Sousa Mascarenhas e morreu em 1810.Tomás Antônio Gonzaga é considerado a expressão mais extrema do arcadismo brasileiro.Os poemas de Gonzaga apresentavam características do arcadismo e do neoclassicismo , além de possuir traços pré-românticos (confissões de sentimento pessoal, ênfase emotiva, descrição de paisagens brasileiras, etc) e seu convívio com o iluminismo fez com que seus poemas tivessem preocupações

Marilia de Dirceu

em atenuar as tensões e racionalizar os conflitos.

Seus versos misturavam elementos racionais e afetivos, o que os deixa únicos e passava ao leitor uma emoção diferente dos demais poemas da época, diferenciando Tomás dos demais poetas.



Marília de Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga


LIRA 3 - PARTE II

Sucede Marília bela, A

À medonha noite e o dia, B

A estação chuvosa e fria B

À quente seca estação C

Muda-se a sorte dos tempos D

Só a minha sorte não? C


Os troncos nas Primaveras A

Brontam em flores viçosos, B

Nos Invernos escabrosos B

Largam as flores no chão C

Muda-se a sorte dos troncos D

Só a minha sorte não? C


Aos brutos, Marília, cortam A

Armadas redes os passos, B

Rompem depois os seus laços, B

Fogem da dura prisão. C

Muda-se a sorte dos brutos D

Só a minha sorte não? C


Nenhum dos homens conserva A

Alegre sempre o seu rosto B

Depois das penas vem gosto, B

Depois de gosto aflição. C

Muda-se a sorte dos homens D

Só a minha sorte não? C


Aos altos Deuses moveram A

Soberbos Gigantes guerra B

No mais tempo o Céu, e a Terra B

Lhes tributa adoração. C

Muda-se a sorte dos Deuses D

Só a minha sorte não? C


Há de, Marília, mudar-se A

Do destino a inclêmencia, B

Tenho por mim a inocencia, B

Tenho por mim a razão C

Muda-se a sorte de tudo D

Só a minha sorte não? C


O tempo, ó Bela, que gasta A

Os troncos, pedras, e o cobre, B

O véu rompe, com que encombre B

À verdade a vil traição. C

Muda-se a sorte de tudo D

Só a minha sorte não? C


Qual eu sou, verá o mundo A

Mais me dará do que eu tinha, B

Tornarei a ver-te minha B

Que feliz consolação! C

Não há de tudo mudar-se D

Só a minha sorte não. C


Legenda: Esquema de rimas

Sucede Marília bela, A

À medonha noite e o dia, B

A estação chuvosa e fria B

À quente seca estação C

Muda-se a sorte dos tempos D

Só a minha sorte não? C


ANÁLISE :

Nesta lira está presente toda a aflição e tristeza do Autor de estar longe de sua amada, pois a partir da segunda parte ele foi levado para o exílio em Moçambique, devido denúncias de sua participação na Conjuração Mineira. Podemos perceber isso em cada estrofe onde ele procura demostrar que a sorte de todas as coisas mudam menos a sua. Observando as comparações feitas por ele, vemos que a duração de algumas dessas mudanças é maior do que a sua permanência no exílio. Isso aconteçe pois para ele estar longe de Marília, sua mulher idealizada, parece ser um tempo de duração muito maior do que realmente é.

Apesar de tudo, Dirceu, na última estrofe, ainda demonstra esperança de ver Marília. Assim como em outras liras, nesta também está presente um pouco de Mitologia Grega. Vemos isso na quinta estrofe, que faz referência a guerra dos gigantes contra os deuses(gigantomaquia ). Algumas características do Arcadismo também estão presentes na lira nas primeiras estrofes, onde procura-se uma proximidade com a natureza.

( JOÃO PEDRO THIMOTHEO BATISTA - TURMA 107)

Análise:

Em sua poesia, Tomás Antonio Gonzaga apresenta características árcades e neoclassicas, estão nelas o pastoril, o bucólico, o equilibrio, etc.Mas tambem possui características pré-romanticas, como na segunda parte de Maria Dirceu (escrita na prisão),que demonstram confissões de sentimento pessoal, ênfase emotiva estranha aos padrões do neoclassicismo, descrição de paisagens brasileiras, etc.

(leonardobarbosa102)


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Cristina Elizabeth 107


Tomas Antônio Gonzaga nos mostra de uma forma romântica e apaixonada, fatos simples da vida e muitas vezes um sonho de casamento, mesmo estando preso e triste por estar longe de sua amada ele torna tudo mais bonito e ouso dizer complexo de entender e fácil de sentir. Veja por exemplo, ele descrevendo o sonho do seu casamento,que faz parte da Lira 7 Parte 2 :


Vou-me, ó Bela, deitar na dura cama,
De que nem sequer sou o pobre dono:
Estende sobre mim Morfeu as asas,
E vem ligeiro o sono.

Os sonhos, que rodeiam a tarimba,
Mil coisas vão pintar na minha idéia;
Não pintam cadafalsos, não, não pintam
Nenhuma imagem feia.

Pintam que estou bordando um teu vestido;
Que um menino com asas, cego, e louro,
Me enfia nas agulhas o delgado,
O brando fio de ouro.

Pintam que nos conduz dourada sege
À nossa habitação; que mil Amores
Desfolham sobre o leito as molhes folhas
Das mais cheirosas flores.

Pintam que desta terra nos partimos;
Que os amigos saudosos, e suspensos
Apertam nos inchados, roxos olhos
Os já molhados lenços.

Pintam que os mares sulco da Bahia;
Onde passei a flor da minha idade;
Que descubro as palmeiras, e em dois bairros
Partida a grã Cidade.

Pintam leve escaler, e que na prancha
O braço já te of'reço reverente;
Que te aponta c'o dedo, mal te avista,
Amontoada gente.

Aqui, alerta, grita o mau soldado;
E o outro, alerta estou, lhe diz gritando:
Acordo com a bulha, então conheço,
Que estava aqui sonhando.

Se o meu crime não fosse só de amores,
A ver-me delinqüente, réu de morte,
Não sonhara, Marília, só contigo,
Sonhara de outra sorte.



Podemos perceber que na primeira estrofe ele se refere ao desgosto da cadeia e de não possuir mais nenhum bem, nem sua cama, casa e os confortos que um liberto desfruta. Ele se refere no terceiro verso á Morfeu, o deus dos sonhos na mitologia grega. Ele demonstra o desenho de dormir e sonhar.[]

Ele demonstra que este deus o presenteia com sonhos bons e sonhos agradáveis porque são sonhos com sua amada Marilia. E nesse sonho ele fala de anjos que o pintam, demonstrando a relação dele com o Divino e o quanto esse amor também representa o divino em sua vida. É interessante observar que muitas vezes ele se coloca submisso pois mesmo na terceira estrofe fala que sonha em bordar o vestido de Marilia, apontando que ele quer fazer parte desse sonho dela e que não se recusa a trabalhar por ela e de certa forma desenvolver um serviço que é tipico das mulheres da época, que no caso, é o bordado.

E ao longo da lira ele vai desenvolvendo o sonho do casamento descrevendo o bordado do vestido que Marilia usa, na ida á Igreja, o reação dos amigos, familia e convidados do casamento e também da sua lua de mel. Fala sobre a Bahia, onde viveu quando era jovem, ao dizer:"pintam que os mares sulcos da Bahia: onde passei a flor da minha idade". Mas seu sonho é interrompido pelo soldado que o acorda na prisão.

Ele finaliza o poema falando novamente sobre a cadeia, mas de uma forma diferente, pensando que o seu crime além de amar era relativo á Inconfidencia Mineira , como a História Conceitual nos conta.

Isso demonstra a relação da Literatura Arcadista com a História pois ele de certa forma descreve o momento que vivia Vila Rica. Ele em sua obra nos mostra diversas caracteristicas do Arcadismo e nesta lira mesmo podemos perceber a exaltação da amada ao colocá-la como perfeita, a referencia a natureza ao compará-la com elementos da natureza.

Rima na Lira
Marília

Marilia vestida para o casamento

Vou-me, ó Bela, deitar na dura cama, A

De que nem sequer sou o pobre dono: B

Estende sobre mim Morfeu as asas, C

E vem ligeiro o sono. B


Cristina Elizabeth 107




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